Etiquetas

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

UMA HISTÓRIA SOBRE A FASCINANTE CRETA MINÓICA

Há muitos anos atrás, havia uma antiga civilização minóica na ilha grega de Creta que foi anterior às nossas ideias mais comuns de como era a Grécia antiga...

Antes de Platão, Aristóteles, da Acrópole, antes de Alexandre - antes da Guerra de Tróia - antes de Esparta...

Havia uma civilização como nenhuma outra em Creta, a maior das ilhas gregas flutuando de forma auto-suficiente num espaço entre o sul da Europa e o norte da África; era uma cultura de comércio marítimo. Há quatro mil anos, pequenas aldeias agrícolas começaram a construir "centros sagrados", geralmente chamados de "estruturas palacianas". O seu fim permanece um mistério altamente contestado. Os valores da Creta antiga eram semelhantes a muitas culturas e tradições indígenas - como os Haudenosaunee ou os iroqueses: reverência por todas as espécies animais e vegetais e um sentido profundo da natureza colectiva da existência.

Isso é muito diferente da arte e das representações que surgem depois no continente grego, onde os heróis conquistam serpentes de nove faces e realizam tarefas aparentemente impossíveis para Deuses e Deusas que têm um relacionamento complicado com os seres humanos. O próprio nome da Europa vem de Europa, que era uma jovem donzela atraída para fora de sua casa em Creta num touro, como parte de um truque inventado por Zeus. Esses mitos vêm duma época em que o domínio sobre a natureza é tido como fundamental: é a história que se desenrola nas imagens narrativas da Acrópole de Atenas.

Então, o que acontecia antes nessa misteriosa ilha de Creta?

Os minóicos. A cultura deles era diferente daquela que veio depois. Os seus centros sagrados eram dedicados a eventos políticos, artísticos e culturais. O seu sentido do sagrado impregnava as actividades diárias. Esse povo via a própria vida como sagrada. Houve uma redistribuição ou partilha de bens e alimentos nesses locais, de modo que ninguém passou fome ou escassez. Há muito pouca indicação de fortificação e armas, especialmente em comparação com as civilizações posteriores, como os gregos micénicos. A arte minóica retrata mulheres em posições de poder - como sacerdotisas com os braços erguidos em estados de êxtase e muitas vezes nuas até a cintura. Homens são mostrados cantando quando voltam da colheita, há vasos que mostram a alegre vida marinha e estatuetas de cães sorridentes feitos de barro. Quando percorremos o museu, não podemos deixar de pensar — uau, essas pessoas sabiam como se divertir. Elas parecem felizes por estarem vivas.Viviam em harmonia com a natureza.

Os seus frescos retratam jogos que consistiam em saltar sobre um touro. (Sim, falamos de pessoas que saltam sobre os chifres duma criatura bovina.) Isso contrasta totalmente com o foco na violência contra os  animais, como touradas e sacrifícios, retratados nas civilizações que se sucedem à minóica. Os frescos minóicos mostram figuras masculinas e femininas agarrando o touro pelos chifres e saltando através deles dando uma espécie de salto mortal. Saltar sobre o touro poderia ter sido um desporto sagrado e extático para a geração mais jovem ou um tipo de iniciação.

O que torna a antiga cultura minóica diferente das que a seguem - daquelas com as quais estamos mais familiarizadas e familiarizados na cultura popular e na academia? Deixe-me dar um RESUMO em 8 PALAVRAS: representação feminina, menos violência, sem escravidão, recursos partilhados.

Então, voltando ao que aconteceu com essa cultura, é algo de muito misterioso. Sabemos por escavações que houve um imenso evento vulcânico catastrófico na antiga Thera (agora conhecida como Santorini), que enfraqueceu a cultura minóica. A chegada dos micénicos da Grécia continental levou a uma mistura relativamente breve de culturas. Na arte micénica, vemos cenas que retratam heróis conquistando a natureza, mulheres como vítimas e violência contra animais. Depois de algumas centenas de anos, a sociedade micénica chegou ao fim. As pessoas retiraram-se para as montanhas e a Grécia entrou num período conhecido como idade das trevas que durou cerca de quinhentos anos. Depois disso, vieram Homero e os famosos filósofos da Grécia.

Existem traços da visão de mundo minóica na nossa cultura? E por que devemos preocupar-nos com Creta e a cultura minóica?


A resposta é simples: a esperança está em nós.

 

Elizabeth Chloe Erdmann é uma teórica apaixonada pela “Teologia Nómade” - com uma profunda atracção pela história relacionada com a Deusa. Erdmann tem mestrado em estudos teológicos pela Boston University, esteve associada à  Amarkantak Tribal University na Índia e actualmente faz um doutorado pesquisando sobre o Contemporary Feminist Goddess Worship & Thealogy, na University College Cork, Irlanda. É autora publicada e palestrante regular sobre cultura, religião e feminismo e co-lidera a Peregrinação da Deusa, que tem lugar na Primavera a Creta, com Carol P. Christ. Mora em Chittenango, no interior do estado de Nova York, nas terras ancestrais da soberana Nação Onondaga, guardiães do fogo do Haudenosaunee - um povo indígena matrilinear com muitos costumes semelhantes aos da Creta antiga. Envolvida em ativismo e pesquisa com Sally Roesch-Wagner, no centro Matilda Joslyn Gage para Justiça Social em Fayetteville, NY, considera-se uma mulher curiosa e apaixonada pelos mistérios do mundo.

https://feminismandreligion.com/2020/10/26/a-story-to-inspire-hope-by-elizabeth-chloe-erdmann/#more-50552

 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

LEITURAS OBRIGATÓRIAS - O CÁLICE E A ESPADA

Esta é uma obra indispensável no curso porque nos ajuda a perceber, com o recurso a exemplos do passado, a influência do género da divindade cultuada numa determinada sociedade.

.As descobertas feitas pelos arqueólogos, ou melhor, por arqueólogas, como Marija Gimbutas, de sociedades antigas altamente desenvolvidas, apresentando níveis  inacreditáveis de bem-estar e equilíbrio social que cultuavam a Deusa ajudam-nos a perceber essa importância. Isto num contexto mais vasto em que outras sociedades, que cultuavam deuses diferentes, guerreavam, saqueavam, pilhavam, escravizavam,

Os valores que o tipo de divindade cultuada inspira na respectiva sociedade são determinantes, e por isso num mundo altamente desequilibrado como o nosso em que nos aproximamos perigosamente da ruptura social e ecológica, a autora considera crucial olharmos para o passado e percebermos essa importância.

Dois modelos sociais existiram até agora na história humana, diz-nos Riane Eisler, com consequências muito diferentes que vão no sentido oposto um do outro. Trata-se do modelo de dominação e do modelo de parceria. O primeiro, o modelo de dominação, é masculino, patriarcal, mas aquele que sociedades pacíficas, prósperas, igualitárias e sustentáveis, como Creta e Çatal Hüyük conheceram não se pode considerar matriarcal, como por vezes se diz. Se patriarcal implica que o género masculino domina o outro género, as mulheres, os outros homens considerados mais vulneráveis e a própria natureza, não podemos dizer que alguma vez houve um regime de sinal contrário, ou seja, em que as mulheres dominaram os homens. Quando a mulher era importante na sociedade, como nos exemplos que citei, a sociedade era ginocêntrica, à mulher estava reservado um lugar importante, a divindade principal era uma mulher que dava, que gerava a vida, que cuidava e protegia na vida e na morte.

Muito importante perceber que quando o princípio masculino se tornou dominante, em vez dos valores da vida, e de uma Deusa que dá à luz, passámos a ter deuses autoritários e ferozes determinando valores como a conquista, o saque, a pilhagem, a escravização, a imposição da obediência pela lei da espada, sendo “a força física superior do género masculino a base da opressão social, da guerra organizada, ou da concentração da propriedade privada nas mãos dos homens mais fortes”

Luiza Frazão

Fonte: O Cálice e a Espada, Riane Eisler

Imagens: Google (arte de Creta e Deusa de Çatal Hüyük)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

BIBLIOGRAFIA

Estas são algumas das obras aconselhadas, algumas de leitura obrigatória, conforme depois será indicado. 

As três primeiras estão on-line e é possível que outras mais se encontrem, terão de fazer essa busca. 

Muitos títulos importantes não estão traduzidos para português, pelo menos publicadas em Portugal, mas a versão espanhola, para quem não domina o inglês, é fácil de encontrar. "A Deusa Branca", de Robert Graves, por exemplo, embora aqui vejamos a imagem da capa na versão inglesa, o link abaixo remete para a versão espanhola. 

Várias têm versão portuguesa como os dois livros indicados de Jean Shinoda Bolen, publicados pela Presença. 

No caso da obra da nossa grande Dalila Lello Pereira da Costa, um livro muito mágico para mim, sugiro que não deixem de comprar a edição ainda disponível da Lello Editores, porque se trata duma relíquia que a qualquer momento pode esgotar. 

O caso de "O Cálice e a Espada", obra do mais fundamental, é semelhante: existe uma excelente versão portuguesa publicada pela Via Óptima que é pena não adquirirem. 

Existem autor@s extremamente importantes que estarão representadas de outra forma - vejam todos os links que incluo na barra lateral. 

Espero entretanto que ninguém se assuste com a lista, que poderia ser muito maior, como é óbvio, porque as leituras para cada módulo são reduzidas e irão devidamente especificadas. 

Algumas destas obras são de leitura facultativa.
http://contacausos.com.br/site2/wp-content/uploads/2015/12/mulheres_que_correm_com_os_lobos.pdf 


https://universo10.files.wordpress.com/2010/11/riane-eisler-o-cc3a1lice-e-a-espada.pdf

http://www.wiccabolivia.org/SharedFiles/Download.aspx?pageid=32&fileid=241&mid=107








terça-feira, 24 de setembro de 2013

Luiza Frazão

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa; Sacerdotisa de Avalon e de Rhiannon, formada pelo Templo da Deusa de Glastonbury, Reino Unido; Irmã das Hespérides; cerimonialista da Deusa; criadora da Roda do Ano de Cale do Jardim das Hespérides e guardiã do Seu Templo; investigadora do Sagrado Feminino, autora da obra A DEUSA DO JARDIM DAS HESPÉRIDES: DESVELANDO A DIMENSÃO ENCOBERTA DO SAGRADO FEMININO NO NOSSO TERRITÓRIO; professora de Desenvolvimento Pessoal e Espiritual, formadora de Sacerdotisas e de Sacerdotes do Jardim das Hespérides, dinamizadora de cursos, oficinas, cerimónias, palestras e outros eventos inspirados na Deusa; Sacerdotisa-guia de caminhos sagrados, tanto no Jardim das Hespérides (Portugal) como em Avalon (Glastonbury).

domingo, 25 de agosto de 2013